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Foto do escritorTalita Silva

4 COISAS QUE APRENDEMOS AINDA BEBÊS QUE IMPACTAM DIRETAMENTE NOSSA VIDA EMOCIONAL HOJE





A linha teórica com que trabalho acredita que tudo começa na infância e que podemos, ainda adultos, ter algumas dificuldades que se relacionam inconscientemente com esse tempo anterior. Pensando nisso, gostaria de te apresentar quatro pontos que os bebês aprendem a partir da relação com seus cuidadores.

Lembrete: aqui uso "mãe" para me referir a quem quer que esteja mais próximo aos cuidados diretos com o bebê.


1. Ser visto como alguém que tem desejos, vontades, necessidades.

Quando um bebê nasce ele depende inteiramente de outra pessoa que cuide dele, que suponha o motivo do seu choro e lhe ofereça algo para acalmá-lo/satisfazê-lo. "Tem alguém interessado em mim", daqui podemos pensar que nasce o sentimento de sermos dignos de amor. Além disso, acontece toda uma apropriação desse mundo novo e da própria história a partir da linguagem. Imagine: um bebê mal sabe que tem um corpo! É muita coisa pra processar.


2. Saber que nem sempre o outro sabe o que eu quero.

Os pais tentam supor o que o bebê pede. Um grunhido é entendido como um chamado pela mamãe, por exemplo. Assim os pais colocam a criança como "alguém que pede", e aos poucos o bebê se reconhece nesse lugar. "Sou alguém que pode desejar coisas". Passamos então a demandar algo do outro, que também demanda algo de nós. MAS há um longo caminho entre o que querermos de verdade, o que dizemos querer e o que de fato recebemos. “Não foi isso que eu pedi”. Eita, linguagem complicada! Fica claro porque é tão difícil agradar o outro.


3. Entender que tenho que lidar sozinho com algumas coisas.

Imagine que a mãe saia para resolver outra coisa e deixe o bebê por um momento. A falta da mãe traz a necessidade de criar uma ideia dela que o acompanhe mesmo sem a presença física. "Calma, a mamãe vai voltar" dizem ao bebê para acalma-lo. Ele precisa entender que a ausência da mãe não significa que ela desapareceu ou que não o ama e o abandonou. Esse simbolismo criado é o que vai dar segurança para o bebê explorar o mundo e buscar por si mesmo suas satisfações.


4. Saber que não posso ter tudo o que quero no tempo que quero.

Voltemos a ideia é que a mãe desapareceu. Isso cria uma dúvida, "mas se não está aqui, está onde?", que vai estimular a imaginação do bebê, fazendo-o perceber que o mundo é bem mais do que eu-e-mamãe. A mãe tem outros interesses e não vai estar sempre disponível para satisfaze-lo de imediato. Aqui aprende-se algo valiosíssimo: não somos o centro do mundo e precisamos aprender a esperar.


Pra resumir, são dos gestos mais simples que aprendemos os aspectos mais complexos da vida humana.

Essa construção não é em níveis, acontece e desacontece o tempo todo. Quantas vezes você, adulto, já se percebeu chateado porque alguém não fez algo à sua maneira? Ou irritado por ter que esperar demais? É um constante exercício.


Acredito que olhando pra esses quatro pontos, percebemos questões que estão relacionados ao que entendemos por relacionamentos saudáveis na vida adulta. Ser visto, ser compreendido, ser independente e paciente. Com essa escrita breve (e até mesmo rasa diante da complexidade dessas questões) espero ter aguçado sua percepção sobre o tema. Há muito o que pensar!

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